As fontes constituem o principal instrumento de trabalho do historiador, através delas é possível compreender os fatos da forma mais verossímil possível. A fonte, também conhecida como documento, passou por diversas mudanças em sua concepção ao longo do tempo. A história metódica e toda historiografia tradicional do século XIX reconheciam apenas os documentos escritos enquanto fonte, utilizando-os como uma espécie de “prova” do fato, deixando de fora da análise histórica, tribos indígenas, grupos africanos, sujeitos pertencentes às classes mais baixas e todos que não dispunham de registros escritos.

Com as reviravoltas da historiografia durante o século XX, especialmente com a ampliação do conceito de fontes proposto pela Escola dos Annales, com o auxílio de outras áreas das ciências humanas e sociais, a exemplo da sociologia, antropologia e arqueologia, hoje é possível a análise de diversos povos e sociedades através dos mais variados vestígios deixados por elas, tornando possível um estudo histórico mais abrangente, através de múltiplas perspectivas. Hoje pode ser reconhecido como fonte, desde materiais impressos que continuam tendo validade enquanto documento, como jornais, panfletos, documentos oficiais, até pequenos vestígios como, utensílios domésticos, cerâmicas, músicas, filmes, relatos memorialistas, cartas, pinturas, fotografias e outras inúmeras possibilidades.

A fonte não é dotada de verdade absoluta, muito menos fala por si só. É necessário a análise cuidadosa do historiador para identificar qual a validade daquele vestígio, e para isso, é necessário que se faça algumas perguntas à ela. Essas perguntas compõe o trabalho da chamada “critica documental”, que tem um caráter interno e externo ao documento. A crítica externa questiona por exemplo, se o documento é original, cópia, falso e sua autoria, de que período é essa fonte? Por quem foi produzida? Enquanto a crítica interna está relacionada diretamente ao conteúdo e questiona por exemplo as intencionalidades do autor, suas opiniões ou as informações apresentadas pelo autor, em qual contexto esse autor estava inserido? Todos esses questionamentos auxiliam para a análise da fonte.

A seção fontes da Magazine Banzar tem por objetivo aproximar o leitor do processo da análise histórica, trazendo informações metodológicas acerca das fontes, além de apresentação de documentos inéditos ou não, encontrados no decorrer de pesquisas e análises críticas dos mesmos nas próximas edições.