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As mulheres em Ilhéus nos loucos anos 20

Por Mary Lucy Lima

O fim da Primeira Grande Guerra na Europa, em 1918, trouxe consigo um novo olhar e uma consequente mudança de comportamento principalmente entre as mulheres, que tiveram suas vidas modificadas pela guerra. Um grande número de mulheres e crianças trabalhavam nas fábricas durante a Grande Guerra, pois os homens haviam sido convocados, acarretando na falta de mão de obra. Essas mulheres muitas vezes levavam seus filhos para o trabalho, pois não tinham com quem deixá-los, tornando-os mão de obra barata ou não remunerada para manterem seus empregos. Crianças que, mal alimentadas e estafadas do trabalho pesado, muitas vezes adoeciam, sofriam mutilações nas máquinas ou até morriam. E no Brasil não foi diferente. De acordo com Margareth Rago, era grande o número de mulheres e crianças imigrantes nas primeiras fábricas brasileiras, e apesar do significativo número de mulheres, não se deve presumir que elas gradativamente foram substituindo os homens após a guerra; ao contrário, vão sendo expulsas na medida em que a industrialização avança e a força de trabalho masculina vai sendo reincorporada. As mulheres enfrentavam diversos obstáculos, como menores salários, intimidação física, assédio sexual, desqualificação profissional até a exploração de seus filhos, enfrentando uma rotina de 10 a 14 horas diárias sob o olhar de seus patrões. (RAGO, 2001, p. 580 a 583).

Mas fato é que na Europa a industrialização estava “a todo vapor”, e essas mulheres haviam experimentado o gosto pela independência e traziam outra perspectiva de vida, muitas viúvas, além de haver mais oferta de trabalho, porém menos homens, pois a guerra levara tantos. As transformações industriais e econômicas não só colocaram as mulheres no mercado de trabalho como também nas universidades, promovendo o aperfeiçoamento profissional, causando uma verdadeira revolução em seu pensamento. Elas não só “subiram as saias, como encurtaram os cabelos”, que conforme Michelle Perrot era um sinal de emancipação, revelando “um safismo andrógino ou uma extrema feminilidade que caracterizavam a new woman da Belle Époque” (PERROT, 2007, p. 59). Em plena década de 1920 – a qual, segundo Mário Schmidt, ficou conhecida como “loucos anos 20” (2003, p. 113) –, elas ainda disseram “não” ao espartilho e desceram a cintura das vestimentas, optando por roupas leves e soltas que dessem liberdade de movimento, pois sentiam-se libertas; e então podiam sair, sozinhas ou com amigas, para dançar, beber, fumar, namorar. De acordo com Rago, esse processo também se deu no Brasil, as mulheres de classe média e alta trocam suas roupas sóbrias e sisudas pela nova moda francesa, no estilo melindrosa (2001, p. 586-587).

 Enquanto isso, a prosperidade produtiva levara o capitalismo a seu auge: comprar se tornara a grande diversão dos adultos, e a indústria não parava de inventar produtos para serem consumidos: fonógrafos, discos, roupas, rádios, automóveis, aspiradores de pó… Os bens de consumo se multiplicavam a cada dia. Com os discos e o aperfeiçoamento do fonógrafo, era como ter uma orquestra dentro de casa. Tudo passava a ser transformado em mercadoria e fonte de lucro pelo capitalismo; logo, a diversão se tornara uma indústria (SCHMIDT, 2003, p. 114). Nesse sentido “a ‘indústria cultural’ é um conceito político e ético materialmente embasado no processo produtivo” (ADORNO, 2012, p. 23).

Na Dialética doEsclarecimento (ou do Iluminismo), Theodor Adorno e Max Horkheimer deflagram as estruturas ideológicas da dominação político-econômica em consequência de uma crise do espírito (razão ou iluminismo). A emancipação humana baseada na crença da razão, direcionada ao progresso científico, transformou a ciência em instrumento de dominação política, econômica e social. O projeto iluminista de emancipação acaba por escravizar o homem. “Sem a menor consideração consigo mesmo, o esclarecimento eliminou com seu cautério o último resto de sua própria autoconsciência” (ADORNO; HORKHERMER, 1985, p. 20). Através do domínio da técnica, a Indústria Cultural transforma as artes em “bens de consumo”, em especial as da Comunicação Social (cinema, televisão, rádio, jornais, revistas etc.) A cultura de massa tem por finalidade homogeneizar os produtos. “O esquematismo do procedimento mostra-se no fato de que os produtos mecanicamente diferenciados acabam por se revelar sempre como a mesma coisa”, (Idem, p. 116), que no dizer de Angeluccia Bernardes Habert, o resultado desse processo é a democratização do consumo e a padronização do produto cultural (2002, p. 20). Adorno e Horkheimer advertem que os produtos da indústria cultural podem ter a certeza de que até mesmo os distraídos vão consumi-los alertamente (1985, p. 119). “A cultura sempre contribuiu para domar os instintos revolucionários, e não apenas os bárbaros”(Idem, p. 143). Dessa forma, a indústria cultural assujeita os indivíduos à ideologia dominante.

Nessa conjuntura, os elementos de entretenimento cultural, como, por exemplo, o Cinema, se tornam uma grande indústria de diversão de massa. Habert cita Edgar Morin ao afirmar que os dois veículos mais importantes para a modernidade, o Cinema e o Avião, são os “encurtadores de distância e deflagradores de transformações do mundo real, que irão restaurar a magia das origens e a grande festa onírica da participação” (MORIN apud HABERT, 2002, p. 20-21). Naquele momento, conforme Habert, o cinema atraiu mulheres e crianças como grande parte do seu público, contribuindo para ampliar o acesso à diversão e ao entretenimento por parte das mulheres, o que até então era algo restrito ao mundo “noturno e masculino”. (2002, p. 110). A emancipação em curso as fazia capazes de se tornarem artistas, cientistas, atletas e intelectuais. A estilista Coco Chanel soube bem captar esse momento e transformá-lo em moda da época. Além de primar por modelos que dessem maior liberdade a essa nova mulher, ela também foi a criadora da primeira calça comprida feminina. O próprio estilo de vida de Chanel foi um tributo à liberdade feminina (“Coco avant Chanel” – Anne Fontaine, 2009). Toda essa efervescência causou um grande frenesi na cultura e nas artes; a valsa logo foi substituída pelo jazz, que num ritmo mais acelerado deu origem à grade dança da época: o Charleston. O negócio era dançar freneticamente, no suingue enlouquecedor das orquestras de jazz.

Apesar de tudo isso, será que na Ilhéus da década de 1920 as mulheres de famílias tradicionais também tiveram tamanha liberdade de comportamento? Contudo, em Ilhéus, havia uma classe de trabalhadoras para as quais a luta pela sobrevivência não se constituía numa novidade – eram aquelas que ganhavam o sustento vendendo comida nas ruas, em especial nas proximidades do Porto. A exemplo disso, Philipe Murillo Santana de Carvalho (2012, p.219-260), traz personagens não ficcionais das páginas do Correio de Ilhéos da década de 20, como “Mãe Bote”, “Dona Joaquina” e “Claudelina Machado”, que são apenas alguns exemplos de mulheres que ganhavam o sustento da família vendendo comida nas imediações do porto aos trabalhadores do trapiche. Porém, como elas, na cidade haviam tantas outras, “autônomas” que, usando aqui as palavras de Michelle Perrot (2007), não conseguiam romper o silêncio que as tornava invisíveis à sociedade.

Embora Ilhéus tivesse de fato uma sociedade de estrutura patriarcal, é possível encontrar em sua história mulheres cujo trabalho se destacou e marcou a memória da cidade. Mulheres que, dentro do espaço que ocupavam, conseguiram quebrar o silêncio e ganhar visibilidade. Nesta seleta lista é possível destacar Madre Thaís, da Ordem das Ursulinas Francesas, que ao ser convidada pelo bispo Dom Manoel de Paiva, em 1916, para fundar um colégio para moças na cidade, colocou como condição a construção de uma pequena catedral neogótica ao estilo da sua terra natal, no que foi atendida. Madre Thaís, que já trazia como “formação ursulina” a assistência e formação de meninas pobres, soube usar de seu prestígio em favor dos mais carentes. Ela que sabia transitar entre as classes sociais, conseguiu o próprio palácio do bispo como doação para transformar em orfanato, funcionando ainda nos dias de hoje como escola pública. Por seus serviços prestados à educação e à instrução da juventude de Ilhéus, Madre Thaís foi agraciada pelo governo francês com o título de Officier d’Academir (OCKÉ DE FREITAS, 2013, p.119).

Madre Thaís

Fonte : OCKÉ DE FREITAS, 2013, p. 116.

Madre Thaís do Sagrado Coração Paillart (sentada) e outras irmãs ursulinas.

Fonte: Acervo História Grapiúna.

O Colégio Nossa Senhora da Piedade, fundado pela Madre Thaís, foi elevado à categoria de Escola Formal do Estado em 1919 (CAMPOS, 2006, p. 565), e formou em 1923 sua primeira turma de professoras (OCKÉ DE FREITAS, 2013, p.119). Entre as formandas estava Maria Conceição Lopes, mulher negra, filha de João Batista Soares Lopes, o “Bom Médico”, como era chamado o Dr. Soares Lopes pela população ilheense por seus serviços humanizados. De acordo com o relato de Alfredo Amorim da Silveira divulgado na página Memória Visual de Ilhéus (FACEBOOK, 2020), Conceição Lopes, depois de se formar na Escola de Música da Bahia, em Salvador, se torna professora de letras e piano em Ilhéus, assim como escritora e colunista sob os pseudônimos de “Rosana” ou “Úrsula Iris”. A professora Conceição Lopes foi a primeira presidente eleita, em 1951, da Associação das Ex-alunas das Ursulinas. Ao longo de sua vida exerceu diversos cargos em Ilhéus, dentre eles, vereadora; secretária da Legião Brasileira de Assistência; e secretária da Associação Santa Isabel das Senhoras de Caridade de Ilhéus, da qual foi sua presidente por doze anos. Conceição criou um sobrinho, o qual registrou como filho, e terminou seus dias em 1994, internada no Hospital e Maternidade ao qual dedicou-se, o Santa Isabel, sofrendo de Alzheimer.

Por ocasião da sua campanha para a presidência da República do Brasil, Juscelino Kubitschek estivera em Ilhéus em meados da década de 1950 com o então prefeito Herval Soledade, e também fora recebido na casa de Sá Barreto e sua esposa Dona Itassucê. Na oportunidade, posou para foto com algumas das senhoras presentes, entre as quais a própria Conceição Lopes.

Maria Cleofa Pacheco Sá Barretto, Maria Albertina Gouvêa Pacheco, Juscelino Kubitschek, Maria Cecília Pacheco de Menezes, Maria da Conceição Soares Lopes e Aurelina Wyell Cardoso (da esquerda para a direita).

Fonte: Acervo pessoal de José Nazal Pacheco Soub

Além de ter se tornado a grande promoter dos eventos ilheenses em sua época, Conceição também fora muitas vezes homenageada, tal como demonstra o registro a seguir, onde ela está entre os comunicadores Charles Henri e Lucílio Bastos. A foto pertence ao acervo pessoal de José Nazal Pacheco Soub (também disponível em seu instagram), que lamenta não saber se neste evento ela fora a promoter ou a homenageada.

Conceição Lopes entre os comunicadores Charles Henri e Lucílio Bastos.

Fonte: Acervo pessoal de José Nazal Pacheco Soub

Enquanto algumas mulheres se destacaram socialmente por conseguirem transitar nos grupos sociais em decorrência de uma posição socioeconômica, outras conquistaram autonomia financeira através da viuvez. Francisco Borges de Barros (2004, p. 153) traz em Memórias sobre o município de Ilhéos, publicado em 1915, numa lista majoritariamente masculina entre os principais proprietários e agricultores de Ilhéus, a presença de apenas quatro nomes femininos. E ainda na lista de 1890-1930 dos principais fazendeiros trazida por Gustavo Falcón (1995, p. 122-123), a proporção de mulheres com relação aos homens também é muito inferior. A maioria dessas mulheres provavelmente foi levada à direção dos negócios pela viuvez, que foi o caso de Maria José Bastos, viúva de Antônio José de Amorim Bastos – meus bisavós paternos. Conforme o Jornal de Ilhéos de 25 de agosto de 1912, nesta data ela já estava viúva. Maria Bastos levou a pulso forte a administração dos negócios até passar para o filho homem, logo passando a coadjuvar com a filha Arlinda Bastos Lima e o genro, João Gaudêncio de Lima – meus avós paternos – na administração dos negócios. João Gaudêncio de Lima era sócio de José Nelli na Empreza Cinematographica Bahiana – Nelima Film, e juntos produziam filmes de propaganda, esportivos, documentários e posados (ARTES & ARTISTAS, nº 15, 1921, p. 20).

Maria José Bastos.

Fonte: Acervo pessoal

Conforme relatos e memórias da minha família, Arlinda se dividia entre Ilhéus e Salvador, pois ela e o marido possuíam os cinemas Elite e São João Pontal em Ilhéus, e o Ideal em Salvador. Como tinham filhos pequenos, ofereciam sessões específicas para mulheres e crianças. A revista Artes & Artistas, em sua edição nº 5 de 1920, traz um anúncio de uma “matinée dedicada à petizada”, no Ideal Cinema, com distribuição de flores e bombons, salientando que o proprietário é amigo das crianças. O Elite Cinema oferecia entretenimento à parte, o Caffe-Bar ao ar livre, com sala de jogos (JORNAL DE ILHÉOS, 1915). Arlinda Bastos Lima contribuiu para com os negócios do marido (que enquanto empresário da cinematografia produzira diversos filmes) (CORREIO DE ILHÉOS, 1922), assim como para a construção da história do Cinema na Bahia, mas ela somente é citada como esposa.

Arlinda Bastos Lima e João Gaudêncio de Lima.

Fonte: Acervo pessoal.

 Assim sendo, outra figura de grande destaque pela sua influência em Ilhéus foi Maria Josephina Nascimento, considerada a pessoa que mais investiu financeiramente para a construção da Catedral de São Sebastião. Mesmo tendo essa construção sido iniciada somente em 24 de maio de 1931, o poder econômico de Dona Josephina já era relevante desde a década anterior. Conforme José Nazal Pacheco Soub, a Catedral foi concluída após 36 anos de trabalho, em 21 de setembro de 1967, graças, “acima de tudo, à generosidade do povo ilheense”, e que segundo Dom Caetano, segundo bispo diocesano de Ilhéus, Dona Josephina Nascimento teria sido a maior colaboradora individual para a construção da nova Sé (SOUB, 2013, p. 81-82).

Janete Ruiz de Macêdo confirma que, entre as entidades e indivíduos beneméritos da Catedral Diocesana no que se refere à sua construção, teria sido Maria Josephina Nascimento que consagrara grande parte de seus bens materiais a essa obra, o que lhe rendeu o reconhecimento do papa Pio XII, com o mérito de Pro ecclesia et pontificie, recebendo em 1956 a Cruz e o Diploma, enviado pelo Sumo Pontífice (MACÊDO, 2013, p. 221). Tal acontecimento demonstrara não só sua religiosidade, mas sobretudo o grande poder econômico que possuía.

Maria Josephina Nascimento com o genro Ariston Cardoso e o neto Eduardo, tocando o sino do interior da Catedral de São Sebastião

Fonte: SOUB, 2013

Maria Josephina Nascimento, ao lado do neto “Dudu”, recebendo a cruz e o diploma, em 1956.

Fonte: MACÊDO, 2013

Todas essas mulheres citadas até aqui são figuras femininas que viveram em Ilhéus na década de 1920 e entraram pros registros históricos, tendo feito parte do contexto dos “loucos anos 20” em seu avanço urbano, industrial, cultural e social. No entanto, acreditamos que muitas outras mulheres possam ter se destacado ou sido relevante em tal época, fosse socialmente, economicamente ou, ainda que sem protagonismo, fazendo parte da construção da História desta cidade através do seu trabalho ou das suas relações.

Por muito tempo não houveram espaços nas sociedades para que as mulheres usufruíssem e estivessem em público, sempre lhes cabendo a função de organizadoras do lar. Contudo, com as mudanças nas relações de produção e trabalho da industrialização, elas vão conquistando cada vez mais espaços, embora muitas vezes permanecessem invisíveis. Quebrar este silêncio não se constituiu em tarefa fácil, pois conforme Michelle Perrot (2007, p. 17), há o grande “silêncio nas fontes”; o silêncio mais profundo no registro histórico é o silêncio do relato.

Nesse contexto de mudança de modo de produção que se instalava desde o século XIX com a emergência do capitalismo, o acesso ao trabalho, à cultura, ao lazer e à vida social deu às mulheres um novo olhar e uma nova forma de se identificarem em seu papel na sociedade, fazendo surgir, como um sintoma a essa mudança, movimentos emancipatórios que deram origem ao feminismo e suas intersecções, suas lutas e suas conquistas. Conforme relata Conceição Nogueira, a primeira onda do movimento feminista surgiu em meados do século XIX, tanto em países da Europa quanto das Américas (2017, p. 26). E segundo Alves, Cavenaghi, Carvalho e Soares, as transições demográficas provocadas pelo desenvolvimento urbano nas primeiras décadas do século XX foram fundamentais para as mudanças nas relações de gênero no Brasil:

O Brasil do início do século XX tinha uma estrutura produtiva de base agrária e rural, voltada para a exportação de produtos primários, pouco monetarizada e com forte presença da economia de subsistência sustentada no trabalho não assalariado. Nesse contexto, as chances de progresso social para as mulheres era pequena. Contudo, modificações nas relações de gênero foram favorecidas com o avanço da economia urbana, alicerçada em uma base industrial e de serviços. […] O empoderamento das mulheres está positivamente relacionado ao desenvolvimento econômico, sendo que um fenômeno reforça o outro (ALVES et al, 2017, p. 18).

Apesar do movimento feminista ter sido gestado em meados do século XIX, essas primeiras lutas organizadas partiram de mulheres burguesas, brancas, que tinham o objetivo de conquistar espaço na sociedade junto aos homens. Mas somente no início do século XX, com a inserção massiva das mulheres no mercado de trabalho durante a Primeira Grande Guerra é que a classe trabalhadora feminina, composta principalmente por mulheres pobres, muitas das quais negras, começaram a usufruir das mudanças que a nova conjuntura social trouxe – e assim fazer parte de novas transformações ativamente.

Em Ilhéus, o auge da cultura cacaueira somada à urbanização, que foi intensificada por essa explosão econômica, foi um contexto propício para mulheres de famílias mais abastadas conquistassem relevância social. Mas não se pode negar que todas as mudanças da nova era da economia e da cultura tiveram as mulheres, burguesas e também das demais classes trabalhadoras, como agentes de transformação da realidade material.

Referências ADORNO, Theodor. Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 2012 (1995). ADORNO, T; HORKHERMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. ALVES, J. E. D. et al. Meio século de feminismo e o empoderamento das mulheres no contexto das transformações sociodemográficas do Brasil. In: BLAY, E. A.; AVELAR, L. (orgs). 50 anos de feminismo: Argentina, Brasil e Chile. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, Fapesp, 2017, p. 15-54. COCO AVANT CHANEL. Direção de Anne Fontaine. Produção de Simon Arnal, Caroline Benjo, Philippe Carcassonne e Carole Scotta. França/Bélgica: Warner Bros. Picture, 2009. CORREIO DE ILHÉOS. Nº 122, Ano III, 23 mar. 1922. Ilhéus, Bahia: Acervo da Hemeroteca do Centro de Documentação e Memória Regional da Universidade Estadual de Santa Cruz. FONSECA E FILHOS (editores). Artes & Artistas (revista). Nos 5 e 15. Fonseca & Filhos: Salvador, 1920; 1921. BARROS, Francisco Borges de. Memória sobre o município de Ilhéus. 3ª Ed. Ilhéus, Bahia: Editus, 2004. CAMPOS, J. S. Crônicas da capitania de São Jorge dos Ilhéus. 3ª Ed. Ilhéus, Bahia: Editus, 2006. CARVALHO, Philipe Murillo Santana de. Os ganhadores da cidade: viver e trabalhar em Ilhéus, sul da Bahia, 1920-1930. In: LEITE, Rinaldo César Nascimento; SANTOS, Aline Aguiar Cerqueira; SILVA, Miranice Moreira da. (org.). Cidades interioranas da Bahia: modernidade, civilidade e sociedade. 1 ed. Feira de Santana: UEFS Editora, 2016, v.1, p. 219-260. INSTAGRAM. Acervo História Grapiúna. Dispónível em: <https://www.instagram.com/p/CHSIuNFBytP/>. Acesso em: 13 abr. 2021 (a). ______. Acervo José Nazal. Disponível em: <https://www.instagram.com/p/CLK5r89hrSF/>. Acesso em: 13 abr. 2021 (b). ______. Acervo José Nazal. Disponível em: <https://www.instagram.com/p/CNKgvE_Bqr7/>. Acesso em: 13 abr. 2021 (c). FACEBOOK.Memória Visual de Ilhéus (página do Facebook). Disponível em: <https://www.facebook.com/fotosdeilheus/photos/a.723963084365040/1328606387234037>. Acesso em: 27 ago. 2020. FALCÓN, Gustavo. Os coronéis do cacau. Salvador: Iananá/Centro Edorial e Didático da Ufba, 1995. HABERT, Angeluccia Bernardes. A Bahia de out’ora, agora: leitura de Artes & Artistas, uma revista de cinema da década de 20. Salvador (BA): co-edição da Academia de Letras da Bahia; Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, 2002. JORNAL DE ILHÉOS. Nº 122, Ano III, 07 fev. 1915. Ilhéus, Bahia: Acervo da Hemeroteca do Centro de Documentação e Memória Regional da Universidade Estadual de Santa Cruz. MACÊDO, Janete Ruiz de. Ilhéus: uma senhora e três patronos. In: MACEDO, Janete Ruiz de (org). Diocese de Ilhéus: 100 anos de história. Volume 1. Centro de Documentação e Memória Regional (CEDOC/UESC). Ilhéus, Bahia: Editus, 2013. NOGUEIRA, Conceição. Interseccionalidade e psicologia feminista. Salvador, Bahia: Editora Devires, 2017. OCKÉ DE FREITAS, Marita Maria. Criação, história e vida do Instituto Nossa Senhora da Piedade através de documentos e ralatos. In: MACEDO, Janete Ruiz de (org). Diocese de Ilhéus: 100 anos de história. Volume 1. Centro de Documentação e Memória Regional (CEDOC/UESC). Ilhéus, Bahia: Editus, 2013. PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. São Paulo: Editora Contexto, 2007. RAGO, Luzia Margareth. Trabalho feminino e sexualidade. In: PRIORE, Mary Del (org.). História das mulheres no Brasil. 5ª Ed. São Paulo: Contexto, 2001, p. 578-606. SCHMIDT, Mário Furley. Nova história crítica: 8ª série (reimpressão). São Paulo: Nova Geração (1999) 2003. SOUB, José Nazal Pacheco. Minha Ilhéus: fotografias do século XX e um pouco de nossa história. 3ª edição. Itabuna: Via Litterarum, 2013.

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MARY LUCY LIMA

Mestranda em História do Atlântico e da Diáspora Africana; Graduada em História e Filosofia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

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